25 de abril de 2010

preciosa cadeira (nota)

Cadeira de rodas usada pela APV de Ijuí, de autoria do veterinário Chico.
O Chico iria rir se lhe disserem que essa cadeira, de certa forma, lhe custou redondos 80 mil reais.
À APV desejo sucesso em nome dos animais, pois não é facil trabalhar direito levantando de pé esquerdo.

Milho verde

Há mais de um ano amontoa-se um monte de terra roxa no que seria minha calçada. Restos de reformas. Há muito a terra roxa está encoberta sob vigoroso verde, como aliás toda minha calçada intransitável.
     Um vizinho pediu uma parte do monte e lhe concedi o favor. Baixaria o monte e talvez a crítica vizinha a meu pequeno jardim botânico de calçada. Para não causar a censura do leitor noto que, por motivos da localização, ninguém percorreria esta calçada ainda que estivesse limpa e bem-cuidada.
     Pois bem. Talvez como retribuição, certo dia o vizinho, chegando a casa e carregando um saco cheio, pergunta-me se eu "quero" milho verde. Não pensara em milho verde, mas sabia que não estava a fim. Agradeci recusando. 
    Mas o vizinho insistia e, para resolver a situação, logo cedi. Preencherndo o  tempo, perguntei: “Daonde é o milho?”
    “Ah, tava viajando - é da beira da estrada”, disse com sorriso maior que o costumeiro. Neste meio-tempo um espigame já estava em meus braços. Num ressalto contido calei. Que fazer? Nada! Agradeci e fui-me.
     Mas fui-me pensando. Imediatamente vieram-me à cabeça dois lamentos recentes sobre tempos atuais: “Não dá para plantar! O pessoal leva. De dia e de noite.” Isso me contou uma conhecida sobre sua mãe, que em Santa Catarina tem 5 hectares rodeados de muito povo. Seu éden lhe escorria pelas mãos. Não sei o que faz hoje.
     E contou-me um agricultor ijuiense à beira da periferia urbana, por dois lados cercado de uma vila. Parou de plantar mandioca e milho porque plantava para o povo. Galinha desaparece principalmente de noite. Os terrenos vizinhos em geral permitiriam criar galinha e plantar milho e mandioca para o consumo familiar. 
     Na melhor das hipóteses, crêem que em plantando dá é uma anedota.
     O agricultor agora só planta pasto, tem uma vaquinha e vende leite e ovos. O pasto alimenta os cavalos de sua cabanha. Até que os vizinhos decidam comer pasto.
     São pequenos crimes que um juiz decerto não gostaria de ter sobre sua mesa. Condenaria ao serviço social? 
     De tão pequenos e numerosos, os crimes impedem gente de plantar alimentos para seu povo. Por isso mesmo são crimes.
     Em confins brasileiros, aliás, também já não é crime derrubar mata nativa  (um bem antes público que privado) e substituí-la por eucalipto. Veredito de juiz. Acatou o raciocínio (?) do demandante: as árvores nativas estavam aí somente porque ninguém capinou o terreno. Ou seja: o terreno não foi "cuidado".
     Se isso pega na Amazônia, o pessoal pega os juízes.
     Não é possível que um mundo melhor não seja possível.

Igreja Católica?

Filho de pastor protestante, só conheço essa instituição de longe e de fora, e como protagonista da História humana com destaque nas fogueiras de São João à moda medieval. Recentemente ainda por intermédio de seu exorcista-chefe em Roma.
     Mas isso é um olhar superficial. Quem me abriu uma fresta nesta pomposa fachada romana foi José Hildebrando Dacanal, catuipenho da roça e do seminário, em seu livro “Eu encontrei Jesus”. Sabe lidar com o materialismo que só ele.
     A Igreja, ouço por aí, estaria agora a balançar dos sinos aos fundamentos. Como num terremoto, porém terremoto oriundo de suas trevas mais intrínsecas.
     Não é terremoto. É um curto-circuito por um mau contato entre o negativo interno e o positivo externo. A luz secular e iluminada não suportou tanto obscurantismo moral e tanta queda física.
     Resultado é um flash do panorama atual retroativo ao final da Segunda Guerra Mundial, mais ou menos. Pouco registrei os estonteantes números de maus-tratos e abusos entre as muralhas católicas norte-americanas e irlandesas e belgas. Nada sei sobre as analogias brasileiras. Os fatos na Alemanha, contudo, os registrei com certa regularidade, e não há como não estarrecer com o silêncio e sistêmico da podridão e frieza humana desvendada.
     O cerne da questão, contudo, não é a Igreja Católica. Seu caso é apenas o mais espantoso pela sua aura sobre-humana, entre semidivina e divina. Pela capacidade de falsidade que se abre entre a moral pregada aos domingos e os atos natos ao abrigo de portas cerradas a sete chaves em seis dias úteis. 
    O problema não é católico. Nem medieval - sabe-se lá o que faziam naqueles idos. Abuso sistemático aconteceu, entre outros, também no longo período de 1966 a 1991 em internato progressista alemão, onde estudava um filho do ex-presidente alemão von Weizsäcker.
     O problema verdadeiro e primitivo é, por definição a existência da própria sexualidade, pois pressupõe a interação entre indivíduos, problema inexistente entre os indivíduos assexuados dos seres naturais e assim não ensinado ao pobre ser humano. O problema segundo agrava o problema primeiro ao negar a força da sexualidade. Negar realidade só dá em confusão, pois toda hora batemos nela que nem criança a testa no canto das mesas de adultos. O terceiro consiste em o protagonista adulto não ter idéia do que está causando ao menor. O quarto é o menor de idade sequer ter ideia do que com ele está a acontecer, que, se porventura entende, só pudor sente; tanto vítima culpada sente-se que não consegue recorrer a terceiros, que às vezes sequer existem - ou então se enquadram nos negadores.
     O tabu da sexualidade (sadia, para ser mais preciso) em nossa cultura cristã é um problema. O tema, negado ao jovem em família e escola, é tratado na rua, em revistas, filmes, dicionários. Não raro, é praticado antes de conhecido. A Igreja Católica Apostólica Romana é a maior força que coloca o jovem neste beco.
     E no Brasil, então? Não sei. Por ser testemunho, só sei acrescentar um desses fatos: no Instituto Pré-Teológico de São Leopoldo (IPT, um seminário protestante), no dormitório e em excursões escoteiras, houve em 1966/67 abuso tríplice de alunos adultos num menor que sequer entrara na puberdade. Hoje adultos, alguns deles devem estar exercendo o santo ofício sem nunca ter pedido perdão à vítima objeto.
     Não é coisa católica. É coisa humana. E não exclusivamente masculina, se bem que predominantemente. Todos precisam de proteção, particularmente crianças e jovens, pois são os mais indefesos.

P.S. 14 de junho de 2010: entrementes li isso .

24 de abril de 2010

Animais

     É triste iniciar esta coluna assim, mas animais precisam de proteção.  Hoje, de carro a caminho do Moinho, percebi um pequeno cão à beira da rua.  Estava deitado. Vi sua língua de fora e, enfim, seu último terço de corpo estraçalhado. Estava morto. Atropelado.
     Foi um choque. Logo, contudo, surgiu-me a impressão de que alguém o teria enterrado à beira do asfalto. É raro ver isso. Comumente os cadáveres atropelados permanecem jogados no asfalto. 
     Que tenha uma boa vida eterna, o bichinho!
     Pior é a situação de um cão cujo dono o está acostumando a comer apenas a cada sétimo (convém repetir: 7º) dia para que cause menos despesa. Quem me contou foi uma criança. Criança que adora animais.
    Seria um presidente de bairro. Mencionou um bairro.
    A Associação dos Amigos dos Animais foi informada.
    Não escapará. Animais precisam de proteção.

21 de abril de 2010

Dicionário online alemão-português.

Entrevista com o fundador do dicionário TransDEPT www.transdept.de

Ulrich Dressel (UD): Jan Gossmann, você é o dono do dicionário http://www.transdept.de online para o par de idiomas alemão - português. Quando e por que nasceu esse dicionário? Que dicionário é esse?

Jan Goßmann do TransDEPT (JG):Tudo começou em janeiro de 2007 durante minha primeira visita ao Brasil. Procurava um dicionário para meu celular, mas não encontrava nada adequado. Para mim foi um desafio interessante desenvolver um programa próprio para um telefone sem fio. Assim mandei brasa. Confeccionei o vocabulário básico a partir de fontes públicas. Quando o programa ficou pronto em sua primeira versão, quis evidentemente dar acesso também a outros usuários: precisava de uma plataforma web que permitisse baixá-lo. Como não gostava de forma alguma dos dicionários online disponíveis na web, simplesmente iniciei meu próprio!

UD: Você é alemão? Tem colaborador lusófono?

JG: Sou! E sem minha nova esposa Gina, de Fortaleza, o projeto nunca teria sido possível. Acho que nem teria começado a estudar português...

UD: Quais são os desafios técnicos e de qualidade de um projeto deste gênero?

JG:Para além do desafio da anteriormente citada programação do celular, quis criar um dicionário que enfocasse unicamente traduções para o idioma português e alemão, respectivamente. Isso oferece grandes vantagens na tecnologia da programação mas também na qualidade do conteúdo do dicionário.

UD: Qual é a relação entre o português de Portugal e do Brasil em Transdept? Como ela é tratada?

JG:Há uma pequena preponderância do português brasileiro, uma vez que a maioria dos usuários colaboradores do projeto (como eu) provém de um contexto teuto-brasileiro. Ademais obtivemos particular apoio de páginas web desse meio, fortalecendo TransDEPT. PORÉM: estamos constantemente envolvendo páginas lusas de Portugal, ainda nos últimos meses tivemos sucesso nesse sentido. Nosso objetivo, sem dúvida, é a igualdade de ambas!

UD: Quantas traduções contêm transdept? Qual seu ritmo de crescimento?

JG: Atualmente temos uns 116 000 verbetes, mas diariamente aumenta o número graças a nossos colaboradores voluntários.

UD: Qual o mecanismo para enriquecer o dicionário? Quem colabora?

JG:Todo usuário que se inscreve (gratuitamente, claro) em TransDEPT pode incluir verbetes e mesmo alterá-los. Para assegurar a máxima qualidade do processo, essas inclusões não são postadas diretamente na web. No dito „Editor“ todos os demais usuários (também os não registrados) podem conferir e comentar as novas propostas, votando contra ou a favor. Sendo positivo o resultado, as alterações são finalmente transferidas para o dicionário.

JG: Quais são os objetivos do projeto? Aonde Transdept quer chegar?

UD:Já somos a referência primeira para traduções teuto-brasileiras na Internet. Neste sentido pretendemos ser melhores do que todos os demais dicionários online em termos quantitativos quanto qualitativos. Estamos indo bem!

UD: Como está Transdept entre outros dicionários para o par de línguas alemão e português. Existem outros? O que os distingue?

JG: Certamente os há. Nalguns pode-se até traduzir entre klingon e alemão (não é brincadeira!). Falando sério: é justamente neste campo que usamos da nossa vantagem: não queremos incorporar outros pares de línguas, por isso mesmo que podemos usar esse conceito bilíngue de menu que tanto nos agrada. Ele cria laços! Ademais, permite-nos trabalhar muito mais os detalhes teuto-portugueses do que aos convencionais dicionários multilíngues. Podemos ainda dar muito mais atenção a detalhes teuto-portugueses do que dicionários multilingües convencionais o fazem. Considere só nossa possibilidade de identificar automaticamente formas de verbos conjugados deduzindo deles o infinitivo. Isso é uma ajuda maravilhosa especialmente para iniciantes e uma função que desconheço de qualquer outro dicionário! Ademais, alguns dicionários online incorporam indiscriminadamente todos os novos verbetes de seus usuários – uma visível catástrofe para a qualidade! E, por fim: todo vocabulário de nosso dicionário online está simultaneamente disponível no TransDEPTmobil, o programa para o celular. Coisa legal poder traduzir algo rapidamente na estrada. Aliás, para tanto não se precisa de novo acesso. Funciona também sem sinal de cobertura, não havendo, portanto, custos de ligação! Eu, ao menos, sou mais rápido no celular do que num pesado dicionário, quando pesquiso termos. É exatamente essa nossa filosofia: TransDEPT sempre disponível!

UD: Enquanto alemão, qual a sua percepção do idioma português? É fácil para alemães?

JG: Bem, só posso falar por mim, sobre meu desempenho. Minha leitura do português funciona muito bem. Na escola aprendi inglês, francês e latim, de modo que a gente reconhece e conhece mesmo muitas palavras. Mais difícil, no entanto, fica a conjugação dos verbos numa conversa, de modo que às vezes gosto de recorrer aos tempos elementares. É a pressa, não há tempo para muito raciocínio!

UD: Prezado Jan Gossmann, agradecemos sua atenção.

JG: Foi um prazer!

Aprendendo inglês (humor)


"Se tu fosses meu marido, eu iria envenenar teu café!"
"Se tu fosses minha mulher, eu iria bebê-lo!"
Aprendendo que no bate-boca não existe última palavra. 
A última sempre será a penúltima.

Humor

Mãnhê, por que os homens precisam fazer exame de prótese?

19 de abril de 2010

Recaída no medieval em Ijuí


   
     Repentinamente, do último inverno para cá, Ijuí me passa uma nova sensação de vida. A sensação de uma vida sob ameaça. Não aquela ameaça de chumbo perdido ou bem acertado das ruas do Rio brasileiro, mas das picadas certeiras de mosquitos mil no tornozelo ou noutra veia à flor da pele.
    E, mal passado por essa moléstia tropical e subtropical, já me exigem a decisão sobre dispendiosa vacina contra a gripe suína. Em função do preço penso três vezes. Assegurada a vacina da filha, no entanto, decido pelo sim, sem considerar cifras. Na impensável hipótese em que estou pensando, a cifra seria perpétua para os sobreviventes (glup).
    Nunca em meus 15 anos de Ijuí e recentes 20 anos de Brasil a natureza ou parte dela, que não são onças senão vírus, assediou-me tanto que impregnou meu dia-a-dia e noite-a-noite. Cremes me protegem quando não esquecidos. Uma recaída seria pior, alertam sobre a dengue. Logo mais, no frio às portas, será o álcool-gel o protetor e bem-estar das farmácias.
   Em 1882, há uns 140 anos, o médico alemão Robert Koch descobrira microorganismos patogênicos. Desde então muito se fez para se escapar de tais moléstias. 140 anos depois, Ijuí vacilou e tomou.
   Voltemos à altura dos tempos.