15 de maio de 2014

Alemão no Brasil austral

Ich hob die Mule mit de Relhe ins Potrer getoggt, além do enunciador, entende só quem fala simultaneamente alemão e português brasileiro sulista – muitos qualificativos para um só ouvinte!

É a fala de grande parte do imigrante colono alemão no sul brasileiro, e significa: toquei a mula no potreiro. Potreiro, por sua vez, é sinônimo sulista de piquete. A estrutura da frase é perfeitamente alemã. Um alemão perceberá que alguém está lhe falando em sua língua, mas nada entenderá. De outro lado, o brasileiro menos ainda entenderá, apesar de seu interlocutor usar suas próprias palavras. Os três substantivos da frase e parte do verbo composto são palavras portuguesas ligeiramente adaptadas à gramática alemã. É uma língua sem escrita. Não é exatamente um pequeno Babel. É antes a sonhada porém malograda solução democrática que Babel insinua: falemos uma única língua para que nos entendamos! Só que quem entre os babilônios seguiu esta lógica tão lógica apartou-se dos demais e ficou em condições iguais aos demais. Este idioma alemão brasileiro foi recentemente consagrado como mais uma língua autônoma de nosso universo. Mas a escolarização está sendo seu coveiro.

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