ou
(Diálogo com Deus)
1967
Senhor, por que permites semelhante cruz?
Não vês que sou humano?
Acaso não vês que vacilo em seguir meu caminho?
Por quê?
Por que tamanha dor?
A minha débil natureza já não pode mais!
Por ventura não vês as lágrimas de crianças inocentes,
a aflição de um pai, mergulhado em confusão e dores?
Não vês os filhos?
Ouve-lhes as lamentações,
o choro pela mãe perdida!
São crianças que não podem viver sem mãe!
São crianças com coração de carne !
Crianças que gostariam de ter ainda mãe,
mas que, agora, nem esperança da volta possuem.
Sabem que a morte a levou cedo.
No entanto, ficam olhando para a estrada,
a cogitar:
“Se a mãe um dia pudesse voltar...”
Eu sei, a mãe não volta mais
Nunca mais!
Jamais teremos o conforto, o consolo,
o sorriso materno
Cedo foi-nos arrebatado o carinho amável da mãe.
Duas lanças feriram o nosso coração:
a eterna despedida da mãe,
a eterna despedida do irmão.
São estas as portas que cerraram a entrada à alegria do lar.
São estas as amarguras que sufocam o coração.
Resta-nos apenas depositar flores
sobre a lousa fria da sepultura.
Resta-nos a recordação do passado feliz.
Resta-nos convencer o coração da ausência dos entes queridos.
Resta-nos aceitar o sacrifício da saudade
e encetar a senda de uma nova vida.
Resta-nos chorar o adeus.
Chorar é o que resta a um coração de carne!
Adeus!
Gratidão, oh mãe!
Texto gentilmente cedido por um amigo.
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