19 de abril de 2009

Chiclete com banana

Pode haver título melhor para essa música, que prefiro na interpretação de Tânia Maria? Pode haver melhor música para esse título certeiro, samba com suingue, ou jazz com rebolado de samba?

Poesia, é claro, precisa ser certeira, senão não seria poesia. E essas três palavrinhas tão bem fundem a essência das duas culturas (musicais), a essência da música americana com a da brasileira. Colocam duas essências culturais em perfeita harmonia musical e poética. Não será exemplo único, como certamente ocorrerá a este ou aquele leitor calado. Mas é um exemplo perfeito.

Afinal, evitou-se o desgraçado “samba-jazz” ou “jazz-samba”. O grande poeta Gil providenciou sua própria e perfeita tradução. Chiclete, o símbolo maior daqueles que criaram o jazz e adoram comer uma banana exótica. Já a banana é o símbolo dos descamisados, que têm a seu alcance a preciosa banana e, modernamente, o pobre suplemento chewing gum. “Chiclete com banana” é uma "tradução", uma ponte perfeita. Quem masca chiclé é norte-americano. Afinal ninguém sabe que os astecas e os maias mascavam a goma original. Já o americano – que associação lhe suscitará, uma vez que sua banana provém da América Central? Imagina jazz com rumba ou merengue?

Como vemos, a tradução poética é perfeita - para nós brasileiros.

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