19 de julho de 2010

Dias de minha vida

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ou
(Diálogo com Deus)

1967


Senhor, por que permites semelhante cruz?
Não vês que sou humano?
Acaso não vês que vacilo em seguir meu caminho?
Por quê?
Por que tamanha dor?
A minha débil natureza já não pode mais!
Por ventura não vês as lágrimas de crianças inocentes,
a aflição de um pai, mergulhado em confusão e dores?
Não vês os filhos?
Ouve-lhes as lamentações,
o choro pela mãe perdida!
São crianças que não podem viver sem mãe!
São crianças com coração de carne!
Crianças que gostariam de ter ainda mãe,
mas que, agora, nem esperança da volta possuem.
Sabem que a morte a levou cedo.
No entanto, ficam olhando para a estrada,
a cogitar:
“Se a mãe um dia pudesse voltar...”
Eu sei, a mãe não volta mais
Nunca mais!
Jamais teremos o conforto, o consolo,
o sorriso materno
Cedo foi-nos arrebatado o carinho amável da mãe.
Duas lanças feriram o nosso coração:
a eterna despedida da mãe,
a eterna despedida do irmão.
São estas as portas que cerraram a entrada à alegria do lar.
São estas as amarguras que sufocam o coração.
Resta-nos apenas depositar flores
sobre a lousa fria da sepultura.
Resta-nos a recordação do passado feliz.
Resta-nos convencer o coração da ausência dos entes queridos.
Resta-nos aceitar o sacrifício da saudade
e encetar a senda de uma nova vida.
Resta-nos chorar o adeus.
Chorar é o que resta a um coração de carne!
Adeus!
Gratidão, oh mãe! 

Texto gentilmente cedido por um amigo. 

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