12 de julho de 2020

Ética

Férias! Último dia! Deixemos assuntos cabeludos para a próxima semana. Fiquemos com a leveza do ser tradutor! Leveza que paira. Por definição. Coisa de segundo grau, de física e gravidade. Hoje, de ensino médio e de gravidez.
Cabeças humanas divagam. Fazem-no desde que são humanas. (Não: desde que humanas. Pessoalmente, creio que já o fizeram antes.) Quando literário o tradutor, ou das ciências sociais, o ofício reforça o vagar. Afinal, faz diferença descrever parafusos ou feições e corações.
Com que não nos alimentam nossos autores: paisagens naturais, paisagens humanas, perfiladas ou apenas faciais. A observação de uma flor e seu beijador. O mirar e pensar do cão amigão. As relações humanas e desumanas. Sons e odores, sentimentos e rumores. Já me envolvi com terrorismo e comunismo; lençóis freáticos, meio ambiente; solidariedade e educação. Tutti fruti. Como não acompanhar, pensar, sonhar, aprender e crer.
Meu atual autor me ocupa com a questão e gestão da ética. Reconheço na ética a palavra das palavras. Acima de amor e mandamentos. O pico da montanha dos conceitos. Houvesse ética generalizada, não bastaria? Não seria melhor do que o amor ao próximo, mandamento predileto da infiel? Ou o amor generalizado, não necessariamente ético?
Bem, é o campo dos filósofos. Limitemos as divagações:
São certas orações, certas abordagens que me vêm à mente nesta ocupação oficiosa com a ética. Já ouvi gente rezando por minha sorte financeira! Fico feliz em deus ter a grandeza suficiente de indeferir. Imagine a inflação zimbabuana que daria se atendesse? Bilionário, mais pobre seria do que o agora milionário.
Intrigam-me também os dois goleiros que, prestes ao início do chutebol, ajoelhados, em gestos cruzados, religiosamente imploram seus deuses, em geral idênticos, encomendando a sorte para si, o azar para o semelhante. Definitivamente! Não têm misericórdia para com seus deuses.
O humano desejo daquela hora só pode ser muito delicado, evidentemente - para não constranger. Algo como: “Dai-me minhas forças”! Afinal, é preciso ser ético.
Também com deus.

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