12 de julho de 2020

O cheiro do livro


Livraria livraria tem seu cheiro todo especial. Tem porque todo livro tem seu cheiro de livro. Livro novo, velho, mofado, plastificado, esquecido, ilustrado. Claro que, quando livraria definha virando papelaria, o pobre resto dos livros fraqueja. E a livraria virtual, então.

Tenho em casa, entre o cheiro de meus livros, dois extremos: um de abrir as narinas até os pulmões, o outro, de guardar a sete chaves na queijeira.

O cheiro do primeiro exala há muitos anos do Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. Mais precisamente, de sua capa de couro. Triste verdade é que, após 26 anos de convivência, esta capa deu o que teve a dar. O odor está mais virtual que real.

Foi parar em minha estante também o Novo Dicionário Websters, distribuído em cadernos, como cortesia para o assinante de um jornal. Cada verbete procurado é uma ânsia de vômito. Que processo químico terão usado na produção? Teria sido a razão da cortesia da editora?

A bem da verdade – também este nauseoso há de sucumbir  ao tempo. Felizmente.

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