18 de março de 2009

De Chuí a Chuy

é um passo. Fomos desprevenidos, de turismo, e assim chegamos. Depois de 500 km de terra plana, finalmente o extremo sul do Brasil. Queremos adentrar 20 km em terra uruguaia para ver um famoso forte. Cruzar fronteiras é sempre algo fascinante, ainda mais neste Brasil sem fronteiras.

Barra-nos um aduaneiro uruguaio. Quer a carta verde, que teríamos que providenciar no centro de Chuí. Seu colega parece estar em desacordo, mas é subordinado. Mercosul parcial.

Vamos à Barra do Chuí, onde o pessoal, incrédulo da brincadeira do alfandegário, indica-nos uma estrada opcional por sobre a ponte internacional sem qualquer controle. Fazemos nosso passeio, retornamos deslumbrados com a beleza da fortaleza San Miguel e do pampa.

No centro de Chuí, a grande surpresa. De repente nos encontramos em meio a um infinito turbilhão de pessoas em plena e ampla avenida de 4 pistas onde mandam o pedestre e o camelô. Sabe-se lá em que solo estamos. Difícil encontrar um brasileiro. Nas placas comerciais e na propaganda predomina o espanhol, o turista é antes uruguaio que brasileiro. Turista do hemisfério sul aparenta rumar para o norte. E o extremo sul brasileiro é o extremo norte uruguaio.

Meu Passat 78 clama por uma oficina. Em três oficinas atendem-me mecânicos uruguaios. A pizzaria na Barra está em mãos uruguaias, a que talvez se deva sua excelência. No hotel brasileiro, avisos exclusivamente em espanhol. Na praia, turistas uruguaios.

O que eu queria narrar mesmo é dos dois idiomas que ali se confundem. Uruguaios que, entre si, falam mais rápido que seus velhos carros andam. Não há como entender. Conosco falam um portunhol carregado de eternos surdos: preciço viachar amañâ. Cidade repleta de tradutores e intérpretes: cada qual é seu próprio tradutor passivo. Recomendo a beleza desses rincões também aos tradutores ativos!

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