22 de janeiro de 2009

Minha Gênese


escrita na sexta passada estancou no meio do caminho.  Afinal, tomar gosto pela língua poderia conduzir ao ensino do português em aulas de reforço, ao jornalismo, ao poetaço ou poeta.  Mas, como disse, ensinava alemão a brasileiros.

No percurso, vieram demandas.  Quem estuda alemão, tem ou pretende relações com a cultura alemã.  Surgem pedidos de tradução de correspondência particular, depois comercial. Demanda natural a um bilíngüe.  Quatro anos depois, convite para trabalhar na assessoria de assuntos internacionais de uma universidade.  Tradução de correspondência comercial, projetos, palestras, apresentações em PowerPoint, livretos; depois abstracts e – o creme - livros.  Ainda serviços de interpretação. Defronto-me com novos idiomas: correspondência, editais, convênios e contratos em espanhol, catalão, inglês, francês, italiano, até holandês.  Dou conta enquanto proficiente. Proficiente não no sentido dicionarista (“competente, capaz, dominador”), senão no universitário, demera compreensão.  Não domino nem escrevo estas línguas, exceto um pouco de inglês.  Sou útil à instituição, pois sei encaminhar internamente.  Alguém tem que fazer.  E na instituição não existia esse alguém.  Grande chance para minha paixão pelas línguas.

Fascinante ter acesso a todos esses idiomas!  Particularmente com o meu histórico relutante aos idiomas escolares.  Passadas pelo triturador morfológico cerebral, restam das palavrasseus fragmentos.  Fragmentos comuns - tomandos como referênciao latim, português e alemão - são as chaves-mestras.  O quebra-cabeça cerebral consegue construir as analogias, as associações; descobre falsos amigos.  Um pouco de curiosidade nas gramáticas alheias, em suas desinências e especificidades, sem esquecer os respectivos dicionários, e tudo funciona suficientemente.  Afinal, o campo temático é restrito: educação e seu fomento.

Tudo isso pode soar um tanto suspeito aos ouvidos do exímio tradutor literário.  É melhor aqui enfatizar que nada há de vanglória no que estou descrevendo.  Movimento-me numa esfera básica nos idiomas que não sejam o alemão e português; ademais, em campo temático um tanto restrito, sem grandes especificações técnicas.  De outro lado, não é tão pouco, também: há um ano, recorri a professores de inglês para serviços de interpretação de palestras do inglês para o português.  Nada feito. Sobrou para o autor e outro curioso daquele idioma.  Com que nos topamos com a desgraçada polêmica do canudinho acadêmico.  Quisera tê-lo, esse canudinho.  Teria aprendido muito mais, eu seria mais objetivo em meus estudos.  Teria conceitos, termos.  Sinto minhas tantas lacunas em tantas empreitadas.  O que chamamos de conhecimentos do “nativo”, no entanto, faculdade nenhuma teria me ensinado.  Faculdade versus leite materno!  Melhor ambos!

Há remédio simples para não fazer feio: saber até onde a gente pode se aventurar. Exemplo deve ser o presente estilo de redação: breve, econômico, lacônico, resumido, sintético, sucinto.  Mero engano!  É temeroso!  O temor do não-vernaculista em derrapar em campo minado!  Fica para os melhores e especialistas o que passa dos próprios limites.

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